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Clovis Rejeitado

24/12/2011
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ARQUEOLOGIA

Achados arqueológicos nos EUA comprovam que o continente americano começou a ser habitado mais de 2 mil anos antes do que se acreditava.

Bruno Maçães


 CORTESIA DE MICHAEL R. WATERS    
Alguns dos artefatos encontrados em Butter­milk Creek, com até 15.500 anos de idade.Uma grande quantidade de ar­tefatos préhistóricos encontra­dos recentemente no Texas, com até 15.500 anos de idade, põe por terra a hipótese mais aceita até hoje sobre o povoamento das Américas.

Uma grande quantidade de ar­tefatos pré-históricos encontra­dos recentemente no Texas, com até 15.500 anos de idade, põe por terra a hipótese mais aceita até hoje sobre o povoamento das Américas.

Há cerca de 80 anos, a hipótese conhecida como Clovis-primeiro dá conta de que os habitantes mais anti­gos do continente americano haviam chegado nele há cerca de 13.200 anos, vindos do nordeste da Ásia. O novo achado coloca essa data mais de dois mil anos para trás.

Clovis é o nome da cidade do Novo México onde se situa o primeiro sí­tio arqueológico onde foram encon­tradas ferramentas pré-históricas de uma cultura que se estendeu da América do Norte ao norte da Améri­ca do Sul, descoberto em 1936. Os ar­tefatos desse povo são relativamente abundantes e bem documentados. Sabe-se que a cultura Clovis originou diversas culturas posteriores, como a Folsom, a Gainey e a Redstone. Isso levou muitos arqueólogos a postular que o povo Clovis foi o primeiro a ha­bitar as Américas.

Embora dezenas de sítios identifica­dos posteriormente apontassem para uma colonização mais antiga que a presumida, até hoje os indícios da existência de povos anteriores ao de Clovis não eram robustos. Por exem­plo, não havia uma grande quanti­dade de artefatos, ou a datação des­tes não era precisa, ou havia dúvida sobre se os achados haviam mesmo sido feitos por mãos humanas ou for­mados por processos naturais.

A hipótese Clovis-pri­meiro tinha outros pro­blemas. Evidências ge­néticas indicavam que os ameríndios atuais vieram de uma popula­ção que se alastrou do nordeste Asiático e che­gou à América cerca de 16.500 anos atrás (ante­rior à cultura de Clovis e consistente com as da­tas de diversos outros sí­tios). Além disso, artefa­tos com o mesmo estilo da cultura Clovis nunca foram encontrados na Ásia, o que sugere que tais ferramen­tas evoluíram dentro da América, a partir de objetos mais simples.

Os objetos encontrados a partir de 2006 no complexo Buttermilk Creek, no Texas – pontas de lança, macha­dos e facas – fornecem uma elegante linha de evidência de que a América foi povoada antes do desenvolvimen­to da cultura Clovis. No sítio, existem camadas de sedimentos contendo ferramentas de povos posteriores ao Clovis, extratos mais profundos com ferramentas Clovis e finalmente uma região com ferramentas mais simples que as Clovis. Apesar de não haver material orgânico para datação por radiocarbono, as camadas foram da­tadas por luminescência opticamen­te estimulada, um método conside­rado confiável. A datação revelou que os objetos da camada mais profunda tinham de 15 mil a 15.500 anos.

Michael Waters, autor do estudo publicado no periódico Science em 25 de março, afirmou que esses acha­dos “nos dizem de uma vez por todas que podemos abandonar o modelo Clovis”. “Muitas e esplendidamente documentadas linhas de evidência fornecem confirmação praticamente inequívoca de que havia pessoas no interior da América do Norte ao sul das geleiras antes da difusão do povo Clovis”, disse David Anderson, da Uni­versidade do Tennessee.

De fato, a datação das ferramentas, coerente com os estudos genéticos, e seu estilo mais primitivo, o que é de se esperar com base nos achados oriun­dos da Ásia, parecem se juntar como peças de um quebra-cabeças e apon­tar para um povoamento das Améri­cas pelo menos tão antigo quanto 15 mil anos atrás.

TAGS: arqueologia, povo clovis, povoamento das americas

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